Quem nos acompanhou na última semana, conferiu nossa passagem por Cambará do Sul (vem ver aqui). Um dos passeios com mais expectativa na terra dos cânions era a Trilha do Rio do Boi. Conhecida pela dificuldade, essa trilha tem capacidade máxima de entrada diária, só pode ser realizada com guia e ainda depende de condições climáticas pra acontecer. Pensando nos futuros mochileiros que vão pra lá, queremos explicar todos os detalhes para se fazer a Trilha do Rio do Boi.
Onde é?
A Trilha do Rio do Boi fica dentro do Parque Nacional de Aparados da Serra e percorre as margens do rio por dentro do Cânion Itaimbezinho. O cenário por dentro dos paredões é deslumbrante, passando por cachoeiras, muita mata e águas cristalinas. A entrada para o passeio fica em Praia Grande. Se você está em Cambará do Sul, os tours das agências contam com transfer ou você pode seguir a van (vimos alguns estrangeiros fazendo isso).
Quem pode fazer?
Durante a nossa estadia em Cambará e nas caminhadas por cima dos cânions Fortaleza e Itaimbézinho vimos muita gente reclamando do difícil acesso ou da falta de estrutura, então já queremos deixar claro que essas pessoas devem passar longe desse passeio.
A Trilha do Rio do Boi nem se compara com as trilhas do Vértice e do Cotovelo (Itaimbezinho) e nem mesmo com as trilhas do Mirante do Fortaleza, Cachoeira do Tigre Preto e Pedra do Segredo (Cânion Fortaleza). Ela é indicada para quem realmente gosta de aventura. Nós sempre pesquisamos bastante os lugares para onde vamos e por isso achamos importante esse aviso, para que as pessoas saibam onde estão se metendo.
Como é a experiência?
Descemos a Serra do Faxinal saindo de Cambará em direção a Praia Grande (Santa Catarina) e para quem curte estrada de chão o caminho já é um belo atrativo. O curioso é que o parque fica na divisa entre os dois estados, sendo que a parte de cima dos cânions são território do Rio Grande do Sul e a parte interna deles é território catarinense.
A saída para a trilha fica em um ponto de controle que fica a aproximadamente 10 km do centro de Praia Grande e a partir dali só é possível prosseguir juntamente com um guia credenciado. Nesse local é necessário assinar um termo de responsabilidade e também calçar perneiras para evitar acidentes nas pedras (a maior parte do tempo se caminha em cima das pedras do leito do rio) ou com cobras (não vimos nenhuma).
A Trilha do Rio do Boi inicia por um bom trecho em meio a mata Atlântica com poucos obstáculos até chegar na margem do rio. A partir daí a caminhada é sempre pelas margens, sendo necessário atravessar o rio diversas vezes para seguir avançando para dentro do cânion.
Para quem é curioso, o passeio não vai até o fim do cânion. São percorridos aproximadamente 7 ou 8 quilômetros para dentro até um ponto estabelecido pela organização do parque. Esse lugar é conhecido como Cruz, onde se vê uma das curvas formadas pelas fendas na montanha.
A caminhada de ida e volta dura em torno de 7 horas (dependendo do grupo) e são necessárias 20 travessias pela água, portanto não há como não se molhar. O nível do rio não passa nunca do meio da coxa e a correnteza não é muito forte, mas às vezes as pedras lisas no fundo do rio fazem com que a travessia seja um pouco difícil. É interessante ter um par de tênis extra no carro para calçar no fim da trilha, principalmente para quem, como a gente, ainda tinha que voltar para Cambará ao final do passeio.
A caminhada é interrompida em vários momentos para descanso, lanches e contemplação da natureza. Também é possível tomar banho de rio ou nas cascatas, que formam pequenas piscinas.
O que levar?
Fizemos a Trilha do Rio do Boi com roupas bem leves, de verão mesmo, mas conforme ia entardecendo o frio também ia aumentando. É interessante levar na mochila um agasalho leve (como na foto abaixo) e uma toalha pequena, mas isso vai depender muito da época. O ideal é fazer essa avaliação ou conversar com os guias um dia antes do passeio. Fizemos exatamente isso e tivemos mais entendimento ainda do passeio. Outra dica é pensar em levar boné e protetor solar, principalmente no verão.
Cada um leva o seu lanche, mas não é necessário se preocupar com água, pois a do rio é potável. Saímos com uma garrafinha e íamos recarregando ao longo do trajeto.
E como foi a experiência no geral?
Depois de um tombo e alguns escorregões nas pedras molhadas, chegamos ao fim da trilha e também ao final da viagem para a região dos cânions já com vontade de voltar e fazer outros passeios da região como o Cânion Malacara, Cachoeira dos Venâncios, Cachoeira do Tio França, etc. Para quem curte trilhas pequenas é uma ótima chance de partir para um desafio.
Quanto custa?
Pagamos R$ 139 por pessoa (guia e transporte) partindo de Cambará do Sul. De lá, os preços são realmente mais salgados e percebemos isso em vários e-mails enviados para agências perguntando o valor do passeio. Quem faz a trilha partindo de Praia Grande costuma ser bem mais barato. Fique de olho de onde você está marcando o seu passeio! E ah, em feriados costuma ser ainda pior essa cotação e a realização do passeio, já que o parque tem limite máximo de passeios. Corre até o risco de não se chegar até o ponto final em função do horário de entrada.
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